quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Crenças no Divã

Crenças são sentimentos de certeza que temos. Todos nós carregamos um rol de crenças que foi sendo formado a partir da nossa infância e ao longo de nossas vidas, influenciadas pelos nossos pais, irmãos, parentes, amigos e também pelo contexto sócio-cultural no qual estamos inseridos. Conforme a realidade que experimentamos e a maneira como interpretamos estes eventos, assim vamos construindo as nossas crenças. Elas não são propriamente boas ou ruins, mas devemos prestar muita atenção a elas, pois elas afetam diretamente nossos pensamentos, emoções e ações (comportamentos), e caso estejam fora do nosso controle, operando sem consciência, podemos obter resultados indesejados. Todo comportamento tem uma crença subjacente, portanto se quisermos alterar um comportamento precisamos antes rever nossas crenças. 

Para mudar um sistema de crenças é preciso estar aberto a explorar terrenos quase desconhecidos em nós, a rever a nossa história pessoal e nos dispormos a encarar o nosso mundo interior, colocando luz naqueles pontos que passamos a maior parte do tempo sem questionar, assim mais fácil será compreender que ao longo de nossas vidas fizemos interpretações equivocadas que acarretaram numa série de conseqüências desagradáveis. Isto acontece porque o nosso sistema de crenças é capaz de alterar a nossa resposta perante o que nos acontece. Vamos entender isso melhor... 

Mapas da Realidade

O tempo todo o nosso cérebro está captando, filtrando, absorvendo, processando e armazenando informações provenientes do mundo externo, da realidade ao nosso redor. Como cada um de nós carrega um mapa singular da realidade, percebendo e atribuindo um significado pessoal a tudo que vivenciamos, e isto fará com que cada pessoa tenha interpretações e respostas emocionais totalmente distintas das outras a partir de um mesmo evento.  

Algumas crenças podem nos ajudar enxergar a realidade de forma mais produtiva, da seguinte forma: Se eu acreditar, por exemplo, que tudo o que acontece, mesmo as situações ruins, são para o meu amadurecimento, então irei buscar o aprendizado positivo nas experiências que eu vivenciar. Esta crença irá gerar uma resposta emocional e comportamental positiva, pois a minha crença é que a vida está me lapidando em todas as experiências, como um diamante. Se, por outro lado, considerando o mesmo evento, se eu tiver a crença de que o mundo é injusto, posso me sentir triste e injustiçado naquele episódio e assim ter um comportamento depressivo.  Veja que isto é apenas uma questão interna e de total responsabilidade de cada um de nós. Apesar de não termos controle sobre os eventos que nos acontecem, a boa notícia é que nós podemos ter controle sobre os nossos pensamentos e crenças, e em última instância, sobre como iremos reagir aquilo que nos acontece.

“Para dominar seus pensamentos e sua imaginação e, por conseguinte, sua vida e seu destino, é necessário primeiro que você domine seu capitão – suas Crenças” Mike Dooley

“O que você tem em sua mente terá em suas mãos”  Bob Proctor


MUDANDO NOSSAS CRENÇAS
 
Nós não somos receptores passivos do mundo, na verdade nós somos co-criadores dele. É claro que existe a realidade lá fora, porém nós não podemos conhecê-la em sua totalidade, sendo que cada um de nós é um agente ativo na criação daquilo que é realidade para nós. Nós temos o poder de criar uma realidade melhor a partir da mudança das nossas crenças. É claro que não precisamos mudar todas as nossas crenças, somente aquelas que são limitantes ou negativas, abrindo as portas para transformações positivas em nossas vidas.



Abaixo compartilho os pontos que considero mais importantes para a que a mudança de crenças possa ser feita de forma assertiva:

- Assuma a Responsabilidade
Nós não temos nenhum controle sobre a realidade externa, mas a boa notícia é que nós temos total poder sobre a nossa interpretação sobre ela, e assim podemos mudar os nossos pensamentos e crenças a qualquer momento. Isto é de total responsabilidade nossa, é apenas uma questão de escolha e atitude.

Temos que primeiro assumir a responsabilidade pelas crenças que criamos e a partir disso agir para transformar as crenças que não estão sendo positivas para nós. Lembre-se que nossa mente subconsciente simplesmente acata, sem questionar, tudo aquilo que nós escolhemos acreditar, seja verdade ou não.

- Identifique Pensamentos e Crenças distorcidos
Pensamentos e Crenças distorcidos podem gerar uma série de problemas e conseqüências ruins, visto que eles terão um efeito imenso na forma de interpretar o mundo que nos cerca. Abaixo seguem os tipos de distorções mais comuns:

-Fazer tempestade num copo d’água

-Tudo ou nada

-Fazer suposições

-Confiar cegamente nos sentimentos

-Generalizar

-Rotular

-Desqualificar o positivo

-Baixa tolerância às frustrações

- Questione suas crenças
Assim como nós construímos as nossas crenças, nós podemos desconstruir as crenças que não estão sendo úteis pra nós simplesmente colocando-as à prova. Tente pensar nas situações que o levam a ter reações emocionais desproporcionais ou comportamentos inadequados. Veja qual é a crença que está por trás deles. Tenha coragem de questionar, de olhar uma situação de vários ângulos, de ir mais fundo. Observe se você não acatou valores externos ou imposições sociais que nada têm a ver com sua verdade. Reflita, avalie e se for necessário, substitua sua crença.

- Observe suas emoções e saia do comportamento reativo
Identifique o que ativou suas emoções negativas (ex.: raiva, tristeza, mágoa, angústia, insegurança, medo, etc.). Verifique a conseqüência e avalie a necessidade de agir de forma diferente num próximo evento similar.

Ex.: Foi demitido (evento), ficou com raiva (emoção) e agiu de forma agressiva (comportamento).

Uma crença mais produtiva neste caso, seria pensar que ser demitido é uma forma do universo nos abrir novas portas, conduzindo-nos aos lugares que serão mais positivos pra nós. Acreditar nisso pode aliviar bastante o impacto emocional de uma demissão desencadeando numa resposta comportamental mais equilibrada.

- Atribua novos Significados
Nós podemos atribuir novos significados e interpretações para fatos ocorridos no passado que geram sofrimento, mesmo aqueles mais antigos, fazendo uma Ressignificação - uma releitura mais positiva para aquele evento – porém sempre fazemos isso no momento PRESENTE. Independente do tempo que se passou desde que um evento ocorreu, para a mente ele está presente aqui e agora. Desta forma, podemos ressignificar todas as nossas experiências desagradáveis, buscando a intenção positiva que houve de nossa parte (e também as demais pessoas envolvidas) e compreendendo o aprendizado contido naquela experiência. O restante, principalmente as emoções negativas, podem ser liberadas. Você não tem idéia do espaço interno que estamos liberando ao fazer isso.

- Alinhe seus Pensamentos e Crenças às suas Metas e Sonhos
O ideal é que as nossas Crenças estejam alinhadas com os nossos sonhos e metas, pois assim elas estarão agindo ao nosso favor.  
Se pararmos para analisar as crenças das pessoas vencedoras iremos constatar que elas são muito diferentes das crenças das pessoas que têm dificuldade em atingir o sucesso. Além disso, é importante que haja congruência entre seus pensamentos e crenças, seus sentimentos e atitudes, conforme quadro abaixo. O autor Aldo Novak explorou bem este tema no seu livro “O Segredo para realizar seus sonhos”.

- Descubra o que você realmente quer e acerte o foco
A psicoterapeuta Clarissa P. Estés, autora do maravilhoso livro Mulheres que Correm com os Lobos, nos propõe, através do trecho abaixo, uma reflexão interessante:

“Imaginemos um bufê com creme chantiliy, salmão, rosquinhas, rosbife, salada de frutas, panquecas com molho, arroz, curry, iogurte e muitos, muitos outros quitutes colocados em mesa após mesa. Imaginemos que examinamos tudo e vemos algumas coisas que nos agradam. Podemos comentar com nossos botões, “Ah! Eu realmente gostaria de comer um pouco daquilo, e disso aqui, e um pouco mais daquele outro prato.”

Alguns homens e mulheres tomam todas as decisões da vida dessa forma. Existe ao nosso redor um universo que acena constantemente, que se insinua nas nossas vidas, despertando e criando o apetite onde antes havia pouco ou nenhum. Nesse tipo de escolha, optamos por algo só porque aconteceu de ele estar debaixo do nosso nariz naquele exato momento. Não é necessariamente o que queremos, mas é interessante; e, quanto mais examinamos, mais irresistível ele nos parece.
Quando estamos ligados ao self instintivo, à alma do feminino que é natural e selvagem, em vez de examinar o que por acaso esteja em exibição, dizemos a nós mesmos: “Estou com fome de quê?” Sem olhar para nada no mundo externo, nós nos voltamos para dentro e perguntamos: “Do que sinto falta? O que desejo agora?” E a resposta costuma vir rápido. “Ah, acho que quero... na verdade o que seria muito gostoso, um pouco disso e daquilo... ah, é, é isso o que eu quero.” Isso está no bufê? Talvez sim, talvez não. Na maioria dos casos, provavelmente não. Teremos de ir à sua procura por algum tempo, às vezes por muito tempo. No final, porém, iremos encontrar o que procuramos e ficaremos felizes por termos feito sondagens acerca dos nossos anseios mais profundos.

Escolher só porque algo apetitoso está à sua frente não irá satisfazer nunca a fome do Self da alma. É para isso que serve a intuição. Ela é a mensageira da alma.”

Quando nossas crenças estão alinhadas com nossos desejos mais profundos, elas se tornam incrivelmente produtivas pra nós.

- Busque inspiração
A PNL chama de modelagem o ato de estudar pessoas brilhantes com excelência naquilo que realizam. Nós também podemos buscar inspiração e observar as pessoas que possuem qualidades que poderiam ser construtivas pra nós. Nos meus atendimentos de Coaching, gosto de sugerir livros, filmes ou histórias verídicas que podem trazer elementos importantes para nossa reflexão. É muito importante que uma pessoa seja realmente convencida de que suas crenças precisam ser transformadas.

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