O texto que segue abaixo é uma compilação que fiz (com alguns recortes) de 3 artigos do escritor e psicoterapeuta Paulo Urban, procurando buscar uma compreensão maior sobre a Mitologia Pessoal. As partes na cor azul são as minhas reflexões sobre a leitura. Este é apenas um início de conversa sobre este tema fascinante. Quero deixar uma dica de filme: "A história sem fim". Este filme é muito mais que uma simples aventura infanto-juvenil, mas é preciso "ter olhos para ver". Bom final de semana a todos.
Aqui fiz um link com outro tema abordado pelo próprio Paulo Urban, sobre o Mito do Narciso - o rapaz que se apaixona pela sua própria imagem refletida no lago. Através de uma reflexão mais aprofundada deste mito, indo além da questão da vaidade, é possível começar a entender o que está por trás destas manifestações do inconsciente coletivo. O drama da Criação experienciado por todos nós tem um sentido maior que é preciso ser compreendido...
Somos heróis da nossa própria jornada. Habita em cada um de nós um herói mitológico capaz de dar conta de nossa missão pessoal e de cumprir, com grandeza e arte, a humana parte que nos cabe na realização da Grande Obra divina.
E todo herói traz consigo uma missão. Por isso, somos todos missionários nesta vida. Atrelada à nossa particular missão, encontra-se nossa mitologia pessoal, a ser visceranimicamente experimentada pelo herói.
A mitologia pessoal é, pois, a fonte de nossas potenciais capacidades, manancial de vida onde a alma pode recolher-se ou banhar-se, ou mergulhar mais profundamente no intuito de reconhecer a natureza de seus essenciais valores, a fim de que possa trazê-los à tona, em prol de um verdadeiro e luminoso despertar da consciência.
Nesse sentido, a mitologia pessoal é depositária do grande drama da existência, e seu desdobramento traduz um genuíno roteiro a ser seguido, repleto de personagens, cenas e situações arquetípicas com os quais a alma deve relacionar-se, de modo a orientar-se em sua travessia pelo grande labirinto do mundo inconsciente. E o cumprimento deste fabuloso drama tem iminente caráter iniciático, a pressupor inúmeras mortes e renascimentos simbólicos.
Por Paulo Urban
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Podemos definir os mitos como relatos fantásticos que encontram lugar fora do tempo definido. São histórias de caráter simbólico, dotadas de lógica própria, via de regra irracional, originalmente criadas e preservadas pela tradição oral. Seus protagonistas, geralmente são divindades que encarnam forças primordiais da natureza ou aspectos fundamentais da condição humana.
O termo provém do grego mûthos, a significar fábula ou relato, derivado do verbo muthéin, que expressa o ato de inventar histórias. Etimologicamente, está ligado a míthos, que se traduz por fio de teia ou filamento. Curiosamente, o estudo comparativo das mitologias nos leva a perceber a ocorrência de padrões temáticos universais que se disfarçam aqui e ali sob as mais distintas roupagens, conforme as diferentes culturas que os representam.
Jung chamou de arquétipos (o nome quer dizer imagens ou padrões primordiais) os tais resíduos arcaicos anteriormente apontados por Freud, e ampliou-lhes a idéia. O que se transmite de geração a geração desde os primórdios é simplesmente a tendência da mente a formar representações simbólicas, padronizadas em seu sentido genérico, mas extremamente variáveis em seus detalhes; fenômeno esse que origina um inesgotável universo de formas míticas fundadas sobre umas poucas configurações matriciais arcaicas, comuns a toda espécie humana, que nada mais são que os arquétipos.
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Podemos definir os mitos como relatos fantásticos que encontram lugar fora do tempo definido. São histórias de caráter simbólico, dotadas de lógica própria, via de regra irracional, originalmente criadas e preservadas pela tradição oral. Seus protagonistas, geralmente são divindades que encarnam forças primordiais da natureza ou aspectos fundamentais da condição humana.
O termo provém do grego mûthos, a significar fábula ou relato, derivado do verbo muthéin, que expressa o ato de inventar histórias. Etimologicamente, está ligado a míthos, que se traduz por fio de teia ou filamento. Curiosamente, o estudo comparativo das mitologias nos leva a perceber a ocorrência de padrões temáticos universais que se disfarçam aqui e ali sob as mais distintas roupagens, conforme as diferentes culturas que os representam.
Jung chamou de arquétipos (o nome quer dizer imagens ou padrões primordiais) os tais resíduos arcaicos anteriormente apontados por Freud, e ampliou-lhes a idéia. O que se transmite de geração a geração desde os primórdios é simplesmente a tendência da mente a formar representações simbólicas, padronizadas em seu sentido genérico, mas extremamente variáveis em seus detalhes; fenômeno esse que origina um inesgotável universo de formas míticas fundadas sobre umas poucas configurações matriciais arcaicas, comuns a toda espécie humana, que nada mais são que os arquétipos.
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É principalmente através dos sonhos que as forças instintivas e arquetípicas influenciam nossa atividade consciente, e conforme o impacto que sofremos de nosso conteúdo inconsciente, colecionamos boas ou más experiências, capazes de gerar processos neuróticos, psicóticos ou saudáveis, isso sem falar das vivências transcendentes que ampliam e alteram o estado de nossa consciência. Chegamos assim a uma das raras verdades do campo psicológico, a de que todo indivíduo é sempre uma realidade única. Se, por um lado, precisamos buscar nos mistérios enterrados a compreensão de nosso presente, e necessitamos dos mitos para avaliar a produção simbólica da alma, por outro, não devemos esquecer que cada sonho diz respeito antes de tudo ao sujeito que o sonha, e traz em si toda uma mitologia particular, refratada pelo prisma do inconsciente pessoal.
No mito de Narciso, Narciso mergulha na fonte nem tanto por excesso de vaidade, mas sim por levar ao extremo seu instinto de reflexão, do qual toda alma está dotada. Isto é, o jovem se atira em direção a si mesmo, sem maiores critérios que o protejam nesse ato natural desenfreado de querer se conhecer profundamente. Ele se afoga em sua própria reflexão; alcança ousadamente o portal da transcendência, mas se deixa perder ou diluir nas águas do grande inconsciente.
De certo modo, Narciso traduz na escala microcósmica e humana o eterno mito da alma que, desejando conhecer-se, resolve projetar-se na matéria, mero reflexo de si mesma, estado este capaz, entretanto, de lhe oferecer experiências novas que sua condição divina e pura nunca lhe daria. Mergulhando no espelho da vida, de Narciso ou de Alice, a alma assume seu desejo pelo corpo e em sua divina vontade aceita humildemente sofrer a experiência da natureza humana; admite trocar o Uno pela multiplicidade, o universal pelo particular, e satisfaz-se em separar-se de seu eterno estado imponderável para assumir a angustiante e breve sina da existência temporânea.
O tema da alma, considerada como espelho por Platão e Plotino, faculta ao Uno Absoluto expressar-se por intermédio de cada criatura, isto é, permite a Deus que se visualize nas múltiplas faces sobre as quais Ele projeta sua imagem, e que se realize ao provar da própria criação. Consoante a máxima alquímica que diz que assim como é em cima, é embaixo, assim como é embaixo é em cima.
O tema da alma, considerada como espelho por Platão e Plotino, faculta ao Uno Absoluto expressar-se por intermédio de cada criatura, isto é, permite a Deus que se visualize nas múltiplas faces sobre as quais Ele projeta sua imagem, e que se realize ao provar da própria criação. Consoante a máxima alquímica que diz que assim como é em cima, é embaixo, assim como é embaixo é em cima.
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A partir daqui começamos a entender a passagem da mitologia universal para a mitologia pessoal. Nós recebemos influência do inconsciente coletivo e seus arquétipos, mas a nossa alma tem uma pulsão de manifestar seu caráter único, que Jung chamou de Processo de Individuação. Ou seja, cada um de nós tem um caminho próprio, que não se repete na natureza, e que cumpre um processo maior no eterno drama da Criação. Por isso podemos dizer que somos heróis em busca de cumprir a nossa missão pessoal..
Somos heróis da nossa própria jornada. Habita em cada um de nós um herói mitológico capaz de dar conta de nossa missão pessoal e de cumprir, com grandeza e arte, a humana parte que nos cabe na realização da Grande Obra divina.
E todo herói traz consigo uma missão. Por isso, somos todos missionários nesta vida. Atrelada à nossa particular missão, encontra-se nossa mitologia pessoal, a ser visceranimicamente experimentada pelo herói.
A mitologia pessoal é, pois, a fonte de nossas potenciais capacidades, manancial de vida onde a alma pode recolher-se ou banhar-se, ou mergulhar mais profundamente no intuito de reconhecer a natureza de seus essenciais valores, a fim de que possa trazê-los à tona, em prol de um verdadeiro e luminoso despertar da consciência.
Nesse sentido, a mitologia pessoal é depositária do grande drama da existência, e seu desdobramento traduz um genuíno roteiro a ser seguido, repleto de personagens, cenas e situações arquetípicas com os quais a alma deve relacionar-se, de modo a orientar-se em sua travessia pelo grande labirinto do mundo inconsciente. E o cumprimento deste fabuloso drama tem iminente caráter iniciático, a pressupor inúmeras mortes e renascimentos simbólicos.
Kátia, vou ter que voltar para ler com mais calma, é muita informação!!
ResponderExcluirQueria indicar para vc o site http://www.light-weaver.com/slide2/a.html que tem mandalas interativas para meditação, muito lindo!!
E tb falar do meu amigo Marcelo Dalla que tem lindas mandalas e é uma pessoa iluminada!
http://marcelodalla.blogspot.com/
Beijo grande