segunda-feira, 3 de julho de 2006

O mito de La Loba - A mulher selvagem

No mito, La Loba canta sobre os ossos que reuniu. Cantar significa usar a voz da alma. Significa sussurrar a verdade do poder e da necessidade de cada um, soprar alma sobre aquilo que está doente ou precisando de restauração. Isso se realiza por meio de um mergulho no ponto mais profundo do amor e do sentimento, até que nosso desejo de vínculo com o Self selvagem transborde, e em seguida com a expressão da nossa alma a partir desse estado de espírito. Isso é cantar sobre os ossos.
Não podemos cometer o erro de tentar extrair esse imenso sentimento de amor de algum ser amado, pois essa função feminina de descobrir e cantar o hino da criação é um trabalho solitário, um trabalho realizado no deserto da psique.
No mito e seja pelo nome que for, La Loba conhece o passado pessoal e o passado remoto pois ela vem sobrevivendo pelas gerações afora e é mais velha do que o tempo. Ela é a memória arquivada das intenções femininas. Ela preserva a tradição feminina. Seus bigodes pressentem o futuro; ela tem o olho opaco e sagaz da velha; ela viaja simultaneamente para frente e para trás no tempo, equilibrando um lado com a dança que realiza com o outro.
La Loba, a velha, Aquela Que Sabe, está dentro de nós. Ela viceja na mais profunda alma-psique das mulheres, a antiga e vital Mulher Selvagem. A história de La Loba descreve sua casa como aquele lugar no tempo no qual o espírito das mulheres e o espírito dos lobos se encontram — o lugar onde a mente e os instintos se misturam, onde a vida profunda da mulher embasa sua vida rotineira. É o ponto onde o Eu e o Tu se beijam, o lugar onde as mulheres correm com os lobos.

Trecho extraído do livro: Mulheres que correm com os lobos - de Clarissa Pinkola Estés

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